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sexta-feira, novembro 17, 2006

Gente solitária

PARA gente solitária
http://www.youtube.com/watch?v=4BzHctMVLiY&mode=related&search=

Tenho lido depoimentos de garotos e garotas que se sentem doloridos em suas angústias, em sua sede de vencer, um futuro tão grande ainda para ser manipulado. Meninos sózinhos em suas dores, as vezes desinibidos, as vezes retraídos. Mas aqui entre nós, parece que os garotos são mais discretos 'de alma'. Também são frutos de expectativas familiares, exigências e educados para serem 'o máximo'. O máximo sócio-cultural para homem é ser um sucesso'. Em que? Em ganho, em trabalho, em seus deveres de filho, fisicamente, e sei mais o que.
E com quem este menino (que pode ser um garoto, jovem, adulto, maduro e idoso) fala?
E fala, será? É importante quando vc. sente raiva, expressar a raiva. Por que toda emoção tem que ser digerida, e para ser digerida precisa primeiro ser expressa. Lembra da história do 'conte até 10'? Pois é, é ótima para a impusividade, e possibilita que o corpo não se veja a mercê de tanta adrenalina circulante. Respirar fundo e contar até 10.
Mas em casa, o que vc. faz quando seu 'spotlight' apaga? Vc. soca as almofadas? Porque é bom. Tem que jogar prá fora esta emoção até cansar. Aí vc. consegue relaxar e talvez até chore. E isto é mais que bom. Forte não é a pessoa que se segura. É a pessoa que, depois de contar até 10 consegue,no seu local de descanso, dar vazão a sua dor.. O diálogo vem depois. Quando vc. consegue falar com a pessoa explicando que não gostou, do que não gostou e porque não gostou. Criticar não leva a nada. Primeiro relaxe, deixe passar um dia ou quantos vc. precisar, mas fale com a pessoa.
Quando fizer isto (e falar o que não gostou chama-se confrontar ) tenha a certeza de dizer logo no início: 'quando vc. fez ou falou X eu me senti (inferior, incompetente, feio, rejeitado, não aceito, etc)por isto eu senti (medo, raiva, tristeza). Só. Não explique mais, não permita que o outro o questione sobre se isto é certo ou errado. Ninguém pode levar vc. a sentir diferente do que vc. sente. Sua emoção é só sua. Tem gente que pensa sempre em adaptar os outros a sua maneira de viver. E isto é um êrro.
Gosto da expressão: 'êrro emocional'. Sai da coisa do 'certo e errado'. Todos infringimos as vezes regras de bem viver, e se o fazemos não é porque 'somos errados' mas sim porque cometemos êrros, e emocionais. Por isto as vezes as pessoas não aceitam expressões de emoções. Têm lá seu preconceito, e isto é um êrro emocional. Mas você pode e deve falar quando se sente ofendido ou mal tratado por alguém.
Evidente que aqui não me refiro a danos legais, incluindo o 'abuso moral', que ainda bem já é considerado crime (neste caso fale com um advogado, com o SOS Criança adolescente, Delegacia da Mulher, ou chame o 190).
Estamos falando de coisas que acontecem que fazem com que a gente se retráia e perca até a vontade de falar ou ver outra pessoa. Várias vezes fiz exercícios de expressão de raiva no meu consultório com algum paciente com dificuldade de lidar com os sentimentos. Uma vez uma mulher me disse: 'Mas o que adianta isto?' Costumo dizer que adianta para a gente se sentir vivo e perto ('closer'). A gente tem necessidade de ficar só. Mas a gente sente também necessidade de conviver com pessoas, porque somos seres sociais por natureza. Ninguém jovem torna-se eremita porque quer. Alguém maduro sim, e mesmo assim é necessário saber se não é 'uma baita' depressão que está agindo dentro desta pessoa. Mas a juventude é uma imersão no mundo, na aragem de primavera onde tudo é novo, e os jovens querem as novidades.
Então existem os meninos solitários... que provavelmente sentem receio de se expor, sentem-se muitas vezes infelizes, e pensam que é algum defeito nêles. Não é não. Faz parte de um sentimento de não aceitação que toda pessoa guarda dentro de si. Em umas aparece mais, em outras não... Tem muita gente desinibida que sente incompreendido...

Fonte: eu mesma, e Cecílio Kermann - um de meus professores, argentino.

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Citação

Jung: ...A vida nada mais é do que um hiato. O que fazemos dela, o sentido que damos para ela enquanto vivemos importa mais do que qualquer acúmulo de glória e riquezas materiais.